Archive for novembro \24\+00:00 2008

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Eu pintei as paredes, decorei a casa, coloquei as flores no sol, estendi as toalhas no varal, perfumei o quarto, arrumei a cama, coloquei a mesa, servi o vinho, acendi as velas, vesti minha roupa mais bonita, borrifei a essência mais doce, passei batom e me sentei no sofá à tua espera.

Passaram-se 30 anos e até hoje você não chegou. Será que ainda vem?!

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so fast

Mais um ano chegando ao fim…

E a sensação de que o tempo está passando cada vez mais depressa.

Sobram pendências no trabalho. Horas extras não dão conta.

Tantos amigos que quero encontrar, tantas promessas de ‘vamos marcar’ e quando percebo, já se passaram meses e ainda não consegui matar as saudades.

As horas parecem insuficientes para o tanto de informação que preciso digerir, o tanto de coisas que tenho que resolver, o tanto de afazeres que me proponho a cumprir.

A academia, a aula de canto, os livros na cabeceira, a louça na pia, o blog, a árvore de natal esperando para ser montada, as fotos digitais que ainda não foram impressas, o álbum – comprado há tanto tempo… Ainda vazio.

Falta tempo até pra descansar, dormir as horas que meu corpo precisa. Acordo com a sensação de que acabei de me deitar. Mas não, já é hora de começar tudo de novo… Tomar banho com um olho no sabonete e outro no relógio. Secar o cabelo, já pensando em qual roupa vou vestir. Vestir a roupa enquanto procuro o brinco, pego o documento que precisa ser entregue no emprego novo… Então me lembro que tem reunião e preciso ir de salto, trocar de bolsa, e, ai caramba!, passar no posto de gasolina para abastecer o carro.

Contas pra pagar. Tantas! A TV a cabo que me sai cara demais, porque eu mal chego perto do controle remoto. A banda larga pros sites que não consigo acessar, pros e-mails que não dou conta de responder. O telefone fixo que virou enfeite na escrivaninha. O celular que tem as contas cada vez mais altas, porque acaba sendo o único meio viável de manter contato com o mundo.

O jantar que virou lanche, o fogão que eu não acendo há meses, a padaria que mais parece minha sala de jantar, a geladeira esperando pelas compras que eu não tive tempo de fazer, a casa implorando pela faxina que eu não fiz nos últimos dias porque, ou me divertia ou virava escrava do aspirador de pó. Fui me divertir, claro! As frutas que eu precisava comer, os litros d’água que precisava tomar, a oração que esqueci de fazer.

Esse tanto de vida acontecendo ao mesmo tempo e às vezes eu penso que seria preciso umas 3 encarnações para dar conta de realizar tudo que quero. Pareço estar sempre correndo e nunca chego. Ou chego tarde demais e o que não foi feito hoje ficou pra amanhã, que se não for feito irá ficar pra depois de amanhã e assim por diante…

Tanta vida. Tão pouco tempo pra viver tudo.

Não me espanta estar com trinta anos e sentir como se já tivesse vivido muito mais que isso…

 

Acho que preciso quebrar os relógios.

sabedoria adquirida

Não ande na contramão da vida.

Persista no caminho que te parece o mais certo, mesmo que todos estejam indo pra direção oposta.

 

Não abra mão das tuas convicções.

Acredite na tua verdade, se é ela que te faz ser quem você é; e ainda que para os outros ela não passe de mero devaneio.

 

Não abandone teus sonhos.

Alimente-os com a certeza de quem lança a semente na terra. Por mais que o processo seja demorado; com água, sol e uma dose de paciência, tudo que tiver que florescer, irá.

 

Não tente ser o que você jamais será.

Valorize teu melhor. O que te faz diferente dos outros, e tão particularmente especial, é exatamente a tua essência… Que não poderá, jamais, ser substituída por outra.

 

Não perca tua fé, seja ela qual for.

Justamente quando tudo dá errado, tua fé é colocada à prova. E mantê-la viva em momentos assim é a maior certeza de tê-la, de fato.

 

A felicidade não é algo que se conquista a socos e pontapés. Ser feliz, estar feliz, tem mais a ver com o equilíbrio que encontramos do lado de dentro, esse mesmo que nos permite experimentar a vida de uma maneira mais leve; e nem por isso menos intensa.

   

 

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you… who?

Ontem eu queria muito que você estivesse comigo no casamento da minha prima, que é mais que uma irmã, uma amiga, minha alma-gêmea. Eu queria muito que você estivesse lá segurando a minha mão quando ela entrou na nave. É assim que se chama o caminho a ser percorrido pela noiva… Nave. Eu queria muito que você estivesse ao meu lado, sentindo a minha emoção naquele momento, percebendo como meu corpo inteiro tremia num misto de alegria e saudade. Eu queria muito que você tirasse do bolso do terno o seu lencinho e me emprestasse. Você seria a pessoa mais apropriada para secar minhas lágrimas. Quando eu li o texto na frente de todos ali presentes, faltou o teu olhar me admirando. Queria tanto que você ouvisse as minhas palavras e se emocionasse. Eu devolveria o lencinho para que você pudesse usar também. Depois veio a festa, aquele monte de gente conhecida e querida, dançando, cantando, sorrindo… Eu me diverti muito! Mas era engraçado como a todo instante eu olhava em direção à porta, pensando que numa das vezes daria a sorte de te ver chegando. Meu coração se apertava, se enchia de esperanças, mas você não vinha. Não veio. A noite toda foi assim. Entre um chope e outro, um cigarro e outro, uma foto e outra… A minha espera. À tua espera. E eu fiquei imaginando como seria bom ter você ali, registrar o teu sorriso num flash, fazer caras e bocas pra você rir de mim, te beijar enquanto a banda tocava, dançar contigo coladinho e sentir o cheiro da tua doçura. Eu quis tanto que você se sentasse à mesa comigo e saboreasse aquele molho madeira… Eu te daria minha sobremesa, com prazer. E deixaria você tomar o finzinho do prosseco na minha taça. Eu sonhei com o nosso casamento, sabe? Fiquei pensando se ia querer me casar de noite ou de dia, se num sítio ou num salão… A verdade é que eu me casaria de qualquer que fosse a maneira, desde que fosse com você. A noite passou rápido e quando vi, já era hora de voltar pra casa. Eu queria tanto que você estivesse no carro comigo. A gente voltaria pra casa cantando o CD que não paro de tocar há semanas… E eu te olharia nos olhos e tentaria não desafinar na letra “Me leva pra bem longe, amor, me faz qualquer absurdo…”. Cheguei em casa cansada, mas feliz. Foi um dia especial demais. E tudo que aconteceu hoje me leva a crer que eu te espero. Desde sempre. E quando você chegar e a gente se perceber, nenhuma resposta mais irá faltar. Eu terei tudo de que preciso para sentir meu coração em paz. Eu terei você, o meu amor. Parece loucura falar contigo assim, como se eu já soubesse quem você é, qual seu nome, quais suas manias, suas verdades… Parece mesmo. Mas não é loucura ter a convicção de que você existe e só está esperando a oportunidade da vida nos aproximar, é?! Eu prometo que no dia em que a gente se descobrir, eu vou te mostrar esse texto e a gente vai se beijar até o dia nascer. E enquanto eu não sei quando vai ser esse dia, eu me permito continuar te esperando. E sonhando…

escrito dia 26/10/08

“Se soubesse que, nessa noite fria,
você por perto não estaria…
Teria eu comprado um cobertor.”

quando chega Novembro é assim…

Você faz falta. De uma maneira que é impossível explicar. Com uma intensidade que não se pode medir. Você faz falta. E já faz tanto tempo… Passei os últimos anos pensando que a vida seria generosa e me daria a capacidade de amenizar essa saudade. Que nada. Conforme o tempo passa, esse vazio vai crescendo, crescendo e me mostrando que jamais haverá algo para preenchê-lo. Por mais serenas que sejam as lembranças que você deixou, há um vergão na alma que me machuca sempre que penso em como tudo acabou. Em como tudo perde o sentido quando alguém como você se vai, assim, de repente. E hoje, depois de tantos Novembros, mesmo sem querer, eu sofro… Sempre que me dou conta do que não foi vivido, do que ficou só nos planos, do que você não viu acontecer comigo, do que deixou de partilhar com a gente, do que ficou para um amanhã que nunca chegou… Você faz falta. A distância que aumenta a cada dia só consegue me provar o tamanho desse amor que sinto. E eu sei: não há separação que vá fazê-lo diminuir. Mas sabe que, mesmo com tanta tristeza, eu consegui enxergar coisas bonitas nisso tudo? Essas afinidades todas que nós temos e só há pouco eu descobri, porque quando você se foi eu ainda era aquela menininha… Esse muito de você que eu sei que tenho, e sinto tanto orgulho de ter… E, o que só nós três sabemos: os laços de sangue que nos mantém ainda, hoje e sempre, irmãos.

 

Quando chega Novembro é assim. Uma nuvem paira sobre a minha existência e tudo que sinto é um grande pesar. E embora eu esteja vivendo um momento tão bom, é Novembro. E isso significa que minha vida seria muito, muito, muito mais feliz e completa se você ainda estivesse por perto. Disso eu tenho certeza, embora de todo o resto eu saiba tão pouco…

 

Para Fau, meu irmão querido, que há 23 anos partiu, me fazendo entender tão precocemente o significado da palavra SAUDADE.

só me resta agradecer…

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A felicidade tem um cheiro doce, conhecido, que faz lembrar de um tempo em que minha vida caminhava assim, no compasso certo. De repente tudo se ajeita, os medos se vão, a pressa dá uma trégua, as respostas chegam. E em momentos assim, ser feliz não é mais um desejo, é fato.

dia de finados

Dia de finados

E eu me vejo enterrando uma parte de mim que não gosto.

Essa de mim que é ingênua demais, tola demais, crédula demais.

Essa de mim que o tempo não pôde ensinar nada, que a vida castiga para que não volte a errar.

Essa de mim que acredita no improvável, que deseja percorrer sempre o caminho mais torto.

Essa de mim triste, agoniada, sempre à beira do caos.

Essa de mim menina, com sonhos doces, porém muito próximos da dor.

Essa de mim que já me cansou, que já me fez sofrer demais, que deixou feridas que custam a cicatrizar, que não quer aprender, que teima em não aceitar, que não quer morrer.

Mas precisa.

 

em busca de completude

Cansei de me sentir à margem.
De espiar de fora.
Eu quero agora fazer parte.
Sentir-me aceita.
Refeita.
Estar do lado de dentro.
Pertencer.
Eu quero a vida completa,
Repleta, como deve ser.

 

 

 

no one can help

Uma madrugada em claro.
Um momento raro de dor.
Dói o dente.
E dói também o coração.
Pro dente, amanhã tem dentista.
A outra dor, não há cardiologista que resolva.
Não.

poderes

 Tudo que eu quero, eu consigo.
O problema é que às vezes eu quero errado...

um caminho sem volta

Eu, aqui.
As mãos tremendo.
O coração temendo
O que não quero ver.
A verdade escancarada.
A faca fincada
No meu coração.
Quero calar.
Acabar com a fantasia.
Hoje foi o primeiro dia
Em que não quis mais viver...
Essa história.
Essa mentira.
Essa dor.

poema vazio

Não sei ter pela metade.
Não aprendi a comer as migalhas.
Eu quero mais.
Eu quero inteiro.
Eu quero o que, de fato, mereço.
Mais que isso.
Muito mais.
Mais que o pouco que você
Tem pra me oferecer.
Adeus!

acabou a poesia

Hoje o palco
Foi pra mim o picadeiro.
O lugar derradeiro
Para entender a mensagem.
To indo embora,
Tava só de passagem.
Deixo sobre a mesa a taça.
Uma lembrança do fim.
Vai pra casa a palhaça,
Que eu mesma fiz de mim.

abandono

Você por perto...
Esse aperto.
De um quase-parto,
Que me parte ao meio.
Enquanto tento encontrar
Um porto pra ser meu abrigo.
 
Você aqui...
E eu cresço.
Escolho pagar um preço,
Que nem sei se posso.
E passo a acreditar ser tua,
Mesmo sem querer ser.
 
Você se vai...
Um silêncio vem
Pra ficar em teu lugar.
Eu me esparramo.
Eu te odeio, eu te amo.
Eu corro pra não chegar.
 
Ecoando em tudo ao redor,
A saudade me maltrata.
É um nó, que não desata.
É só a esperança.
Pequena, que não alcança,
Nem de perto a tua mão.
 
Fico só.
Sentindo-me pó,
Na curva da tua estrada.
Triste, incrédula, vazia de mim.
Uma espécie de nada,
Esperando pelo teu sim.

 


Irisz Agocs

Irisz Agocs