Archive for junho \29\+00:00 2005

sobras

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

E eu fico aqui, amortecida, repousando minha dor sobre tuas reticências. Recolho do chão os retalhos desse amor que desejava costurar-se à sua pele, de modo que em dias de inverno no teu cerne, pudesses sentir o calor brotando de ti. Acato tuas certezas incertas, escolho abrigar em mim a saudade e permito que se desfaçam todos os laços que tornaram nossas almas companheiras. Sigo cambaleante, rejeitando o quase e o talvez. Decoro meu caminho com as flores que roubei do teu jardim quando me deixaste regar tuas sementes. Levo comigo a lembrança secreta dos nossos momentos de raro enternecer e, em prece, converso com os anjos – testemunhas desse encontro desencontrado que me deixou assim: desbotada, desassossegada e urgente. Torcendo para que, sem demora, eu possa me reinventar sem precisar de tuas mãos.