Eu tinha medo, vacilava, achava que não conseguiria, vivia à espera, duvidava de mim, questionava tudo (e demasiadamente), buscava uma explicação lógica e convincente para todas as coisas que me aconteciam ou não. Dia sim, dia não, perdia um pouco da fé. E me perdia de mim mesma. Aflita, tentava pedir que o mundo me fosse mais colorido, mais gentil. E carregava comigo a frustração de não ser atendida.
Hoje eu sinto uma brisa mansa tocar meu rosto, anunciando um novo tempo. Um momento inédito de refeitura, de passos mais firmes, de mente serena, de coração tranquilo, de alma surpreendentemente em paz.
Hoje eu consigo crer no meu poder de transformar o mundo ao meu redor. E vejo a minha fé se fortalecer a cada tropeço. E esses tropeços não me ferem mais como antes. Aprendi a me defender, a me poupar da dor, a negociar com a vida e solicitar meus créditos.
Hoje consigo resgatar em mim uma força quase esquecida. Ouço meus desejos sussurrando e os mantenho aconchegados no travesseiro. Estou desaprendendo o caminho do desespero. Não vivo mais às pressas, à beira do caos. Tenho colocado em prática tudo aquilo que eu já sabia, mas não levava a sério.
Hoje tenho um norte, e a estrada que percorro é construída pelos meus próprios pés. Não estou mais em busca de uma sombra companheira. Posso olhar pra dentro e encontrar aqui tudo de que preciso. E é tão pouco o que preciso agora…
Hoje o espelho reflete a imagem que eu sempre quis ver, mas nunca pude. Meus olhos, renovados de esperança e de amor, reconhecem em mim tudo aquilo que eu sempre sonhei ser, mas duvidava que poderia.
Hoje eu fiz as pazes comigo e resolvi tornar mais leve esse tempo que chamamos de vida. Hoje eu não quero nada além de poder dormir, sabendo que amanhã ainda vai ter esse gosto doce de hoje. Porque hoje é só o começo de um novo tempo pra mim…